A técnica utilizada é da digigravura, gravura digital ou infografia, cuja matriz é um arquivo digital produzido a partir de outras técnicas de criação decorrentes, como a colagem digital. Esse é um vasto campo de expressão que, no presente caso, compreende criar composições a partir de um repertório de fotos de minha própria autoria, aliando o uso de ferramentas e suportes eletrônicos de edição e produção de imagens. Trata-se de uma técnica hibrida de conceitos e linguagens que combinados podem adentar em diversas conexões e resultados.
O processo de criação em questão não tem uma elaboração formal propriamente dita. Considero ele mais um caminho feito de novidades, cujo eixo principal é deixar-se conduzir pelo automatismo incoerente e pela surpresa, é brincar. Ele é uma experiência de trabalho que se desenha com a ponta do recorte, abraçada à livre associação. Uma vontade de sobrepor estratos de ideias, justapor formas preconcebidas e integrar detalhes essenciais em torno de um jogo de possibilidades que resultam num “surgimento” visual único. O objeto contextual, a irrealidade do presente, o aprendizado do sonho noturno e a poesia visual do cotidiano são algumas das inspirações aqui.
As imagens utilizadas na criação destes trabalhos são fotografias digitais feitas por mim ou aproveitamento de trabalhos anteriores em colagens manuais e digitalizadas. A matéria-prima é todo um repertório de imagens selecionadas e arquivadas para este uso. Fotos de viagens, fotos malfeitas ou descartáveis, fotos de coisas casuais, sobras e texturas disponíveis que um dia podem vir a ser transformados em objeto de criação (ou não). A collage, a fotocolagem, o desenho e a pintura contemporânea são algumas das linguagens que se mesclam e se dispersam numa gramática visual que, aliadas à imaginação, nunca se esgotam.